Nascido na comunidade Dique II, em Duque de Caxias, no Rio de Janeiro, o zagueiro Alexsandro precisou sair cedo de casa e ir à Europa para realizar o sonho de se tornar jogador de futebol. Aos 25 anos, ele foi convocado pela primeira vez pela Seleção Brasileira, para os jogos contra Equador e Paraguai, e se apresentou com a confiança de quem muito lutou e superou para estar onde está.
“Saí novo de uma comunidade bem carente para ajudar minha família primeiramente. Deixei minha família para trás com 19 anos, atravessando o oceano. Não foi fácil, mas foram momentos de muito aprendizado e crescimento. Não me abalei com a dificuldade, fiz dela a minha motivação. Para estar aqui, foi fruto de muita dedicação e trabalho. Não foi nada dado, foi mérito estar aqui e estou muito feliz por isso”, comemorou, à CBF TV.
“Estou muito realizado. Depois de tudo que eu abdiquei e batalhei, ser coroado com essa convocação, estou extremamente feliz. Quero desfrutar muito dessa oportunidade, ajudar a Seleção a (conseguir) suas vitórias. Está sendo um novo ciclo, agora com um novo treinador, com novas convocações e quero vir para ajudar e somar”, acrescentou.
Ainda jovem, depois de repetidas tentativas de se firmar nas categorias de base de Flamengo, Vasco, Grêmio, Fluminense, Botafogo, Avaí e Palmeiras, decidiu rumar para Portugal, onde vingou no Praiense. Em seguida, transferiu-se para o Amora e, depois, para o Chaves.
Destaque no futebol lusitano, foi contratado pelo francês Lille, time em que está desde 1º de julho de 2022 e pelo qual já atuou em mais de 100 partidas. Na última temporada europeia, teve a chance de disputar a Champions League e enfrentar o Real Madrid de Carlo Ancelotti, hoje treinador da Seleção, na primeira fase – o Lille venceu por 1 a 0, em casa.
Ele contou que chegar à Amarelinha tendo seu trabalho reconhecido por um dos maiores e melhores treinadores do mundo deixa este momento “mais especial”.
“É mais especial, porque estamos falando de um dos melhores treinadores do mundo, que acumulou títulos e títulos pelo Real Madrid e que hoje está aqui na nossa Seleção, ajudando a gente. Poder ser selecionado por ele é motivo de muita alegria e quero corresponder dentro de campo”, afirmou.
História de superação
Para viver, a família de Alexsandro trabalhava na “Rampa”, nome pelo qual é conhecido o lixão de Jardim Gramacho, bairro de Duque de Caxias. Lá, catava latinha, garrafas PET, cobres para vender e conseguir algum dinheiro para o sustento diário. O jogador, inclusive, era um dos que ajudavam.
Além da “Rampa”, ele disse também já ter trabalhado em obras, feiras, como garçom e no Piscinão de Ramos. Apesar das dificuldades, prefere acreditar que precisou superar tais situações para alcançar a Amarelinha.
“Foram essas coisas que eu tive que fazer para também me lapidar. Foi necessário passar por isso. Passei com alegria, com muita dificuldade também, é, mas aprendi a cada momento e foram esses momentos difíceis que me fizeram crescer e me trazer até a Seleção”, comentou.
Futebol Francês
Alexsandro, de 1,91m, foi um dos destaques da Ligue 1. Em uma competição menos badalada do que outras europeias, ele ressalta que a chance na Canarinho é uma oportunidade para que mais torcedores brasileiros conheçam melhor o Campeonato Francês e saibam quem ele é.
“Tenho certeza de que depois dessa convocação na Seleção o povo brasileiro vai passar a acompanhar, não só (a mim), mas todo o Campeonato Francês. Não existe só o PSG lá, tem outras equipes também, como o Lille, e eu estava lá, pude ser visto. Acredito que todo o povo brasileiro vai olhar mais para o Campeonato (Francês) e um pouco para minha história”, explicou.
Equador e Paraguai
O zagueiro carioca terá a chance de estrear na Amarelinha nas partidas contra Equador e Paraguai, pelas Eliminatórias da Copa do Mundo de 2026. Na próxima quinta-feira (5), o Brasil encara os equatorianos, em Guayaquil, às 20h (de Brasília) e, na sequência, os paraguaios, no dia 10, na Neo Química Arena, em São Paulo, às 21h45 (de Brasília).
“Vão ser dois jogos muito difíceis.Tenho certeza de que não serão fáceis esses dois jogos, mas a expectativa é igual de sempre. Na Seleção, o objetivo é sempre ganhar e deixar a Seleção sempre no topo. O nosso objetivo é ganhar esses dois jogos”, concluiu.