segunda-feira, março 31, 2025
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Bahia lidera número de casos novos do câncer de colo do útero na região Nordeste

No Dia Mundial da Prevenção do Câncer de Colo do Útero, celebrado em 26 de março, especialistas fazem um alerta sobre a importância dos exames preventivos, da vacina anti-HPV e do comportamento sexual seguro, principais formas de prevenir a doença, considerada altamente evitável. O Ministério da Saúde anunciou uma estratégia nacional para reforçar a vacinação com ampliação da idade e inclusão de novos grupos prioritários

Terceiro tumor maligno mais frequente na população feminina do Brasil (atrás do câncer de mama e do colorretal), o câncer de colo de útero representa um problema de saúde pública. Segundo estimativa do Instituto Nacional do Câncer (INCA), o país deve registrar 17.010 novos casos da doença em 2025. A Bahia lidera o número de novos diagnósticos da doença na região Nordeste, com estimativa de 1160 novos casos este ano. De acordo com o Ministério da Saúde, cerca de 6,5 mil mortes por câncer do colo do útero são registradas todos os anos.

Cerca de 90% dos casos da doença, também conhecida como câncer cervical, estão relacionados a infecção persistente por determinados tipos de HPV (Papilomavírus humano), vírus transmitidos em relações sexuais sem proteção, principalmente o HPV-16 e o HPV-18, considerados de alto risco oncogênico. Um estudo britânico, publicado na revista Lancet Oncology, constatou que a incidência de câncer de colo uterino foi 87% menor em mulheres vacinadas contra HPV comparada com gerações anteriores não vacinadas.

“Uma das principais aliadas na prevenção dos cânceres ginecológicos é a vacinação contra o HPV”, explica a oncologista Luciana Landeiro.

“A vacinação antes do início da vida sexual é muito importante para controle da doença”, reforça. A médica lembra que, recentemente, o Ministério da Saúde ampliou a vacinação para jovens até 19 anos com o objetivo de resgatar jovens que ainda não receberam o imunizante.

A oncologista Camila Kelly Chiodi, lembra que as infecções por HPV são silenciosas na maioria dos casos e a infecção pode ficar meses a anos sem apresentar sintomas. “Isso reforça a importância da vacinação contra HPV e da adoção de um comportamento sexualmente seguro”, afirma a especialista.

“A imunização contra o HPV, além de ser fundamental para prevenção dos cânceres ginecológicos, ajuda também a proteger contra vários outros tipos de neoplasias associadas a infecções pelo HPV, como a de orofaringe, ânus e pênis”, destaca o oncologista Daniel Brito. “Os pais precisam entender que é necessário vacinar meninos e meninas”, afirma.

Outros fatores de risco, além do HPV, podem influenciar no surgimento do câncer de colo de útero. 

A higiene íntima inadequada, o tabagismo, a iniciação sexual precoce e a multiplicidade de parceiros são fatores que também podem contribuir para o desenvolvimento desse tipo de câncer”, afirma a oncologista Isadora Badaró Cedraz. “Vários estudos apontam que mulheres fumantes infectadas pelo HPV têm risco aumentado para desenvolvimento do câncer de colo de útero”, acrescenta.

Exame preventivo

A oncologista Daniela Galvão, destaca a importância do exame ginecológico preventivo, o Papanicolau, para prevenção da doença.

 “Através do preventivo é possível identificar não apenas o câncer cervical em fases iniciais ou avançadas, mas também lesões precursoras desse tipo de câncer, permitindo que elas sejam tratadas antes de se tornarem um tumor”, esclarece a médica. “Essas lesões são assintomáticas, o que reforça a importância da realização dos exames preventivos periodicamente”, acrescenta a especialista.

De acordo com recomendação do INCA, os exames preventivos devem ser feitos por mulheres entre 25 e 64 anos de idade, que já tiveram atividade sexual.

Tratamentos

O tratamento indicado depende do estágio da doença, podendo envolver cirurgia, radioterapia, quimioterapia, terapia-alvo, imunoterapia ou terapias combinadas. “A abordagem terapêutica é sempre individualizada”, afirma a oncologista Hamanda Nery Lopes.

“Com todos os avanços da medicina, como cirurgias minimamente invasivas, tecnologia radioterápica de ponta e novas drogas, os tratamentos contra o câncer são menos invasivos, menos tóxicos e mais eficazes”, afirma a especialista.

Apesar de ser uma doença altamente prevenível e curável, quando diagnosticada precocemente, o câncer de colo de útero ainda tem uma incidência muito alta.

“A desinformação e a baixa adesão à vacina são um desafio para a saúde pública”, destaca Luciana Landeiro.

Imunização contra o HPV: rede pública e privada

A vacina reduz o risco de infecções pelo HPV e doenças associadas, incluindo diversos tipos de câncer, com eficácia superior a 90%. No mês passado, o Ministério da Saúde lançou uma estratégia nacional para aumentar a cobertura vacinal e imunizar três milhões de jovens, ampliando a imunização para meninos e meninas até os 19 anos de idade e incluindo novos grupos prioritários. 

“A ampliação da faixa etária visa aumentar a adesão entre adolescentes que ainda não se vacinaram”, esclarece Luciana Landeiro.

Aplicada em dose única, a vacinação quadrivalente contra o HPV, que já estava disponível no SUS para meninas e meninos de 9 a 14 anos, agora foi estendida para jovens entre os 15 e 19 anos.

Também foram incorporados como grupos prioritários os usuários de PrEP (profilaxia pré-exposição ao HIV) e indivíduos imunossuprimidos (nesses casos o esquema vacinal é de três doses), de 9 a 45 anos, de ambos os sexos. Pessoas vítimas de violência sexual, entre 9 e 45 anos e que ainda não foram vacinadas, também fazem parte do grupo prioritário.

Na rede privada, além da versão quadrivalente, está disponível a vacina nonavalente, que protege contra os subtipos 6, 11, 16, 18, 31, 33, 45, 52 e 58, ampliando a cobertura contra cânceres associados ao HPV. Nesse caso o esquema de vacinação é de duas doses para crianças e adolescentes até 14 anos e três doses a partir dos 15 anos ou para imunossuprimidos.

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