Basta um sinal de perda de equilíbrio ou de tontura para que as pessoas, de forma geral, suspeitem de labirintite ou de um outro distúrbio do labirinto, região do ouvido responsável pela noção de equilíbrio, audição e percepção espacial de posição do corpo. O termo labirintite é utilizado para diversas condições que causam tontura persistente, mas é usado de forma incorreta, pois o sufixo “ite” denota inflamação e nem sempre ela é a causadora desse sintoma.
A labirintite, mais corretamente chamada de labirintopatia, pode ser causada por doenças infecciosas, inflamatórias, tumorais, distúrbios circulatórios, traumas na cabeça, alterações genéticas, entre outros fatores, e seus sintomas mais comuns incluem vertigens, tonturas, desequilíbrio, perda de audição, sensação de ouvido cheio ou tapado, zumbido, e em crises mais fortes até mesmo náuseas, vômitos, suor excessivo e dificuldades de locomoção.
De acordo com o otorrinolaringologista André Apenburg, o diagnóstico precoce da causa da tontura é fundamental para uma ação terapêutica rápida e eficaz, que pode incluir medicamentos para aliviar os sintomas, reabilitação do sistema vestibular (responsável pelo equilíbrio e coordenação de movimentos), e mudanças no estilo de vida que possam garantir o bem-estar dos pacientes.
“É muito importante procurar um especialista para uma avaliação detalhada e também para evitar o risco de quedas e complicações mais severas, principalmente se o paciente estiver na terceira idade”, explica o médico. Segundo ele, o tratamento geralmente é feito com vasodilatadores, que facilitam a circulação sanguínea na região do ouvido; com labirintossupressores, medicamentos que suprimem a tontura através de sua ação no sistema nervoso; e com substâncias que atuam nos sintomas paralelos, como os gastrointestinais, por exemplo.
A incidência da labirintite é maior nos adultos e surge a partir dos 40 ou 50 anos, decorrente de alterações metabólicas e vasculares desta idade, como níveis aumentados de colesterol, triglicérides e ácido úrico. Esses fatores podem acarretar alterações dentro das artérias que diminuem a quantidade de sangue nas áreas do cérebro e do labirinto.
Nem todo desequilíbrio é labirintite!
Embora presentes nos quadros de labirintite e apesar de parecerem a mesma coisa à primeira vista, vertigem e tontura são manifestações diferentes e podem confundir as pessoas que sofrem deste distúrbio e dificultar o diagnóstico se não for bem explicada para o médico. A palavra vertigem vem do latim “vertere” e quer dizer “rodar”, consistindo na situação na qual a pessoa vê os objetos do ambiente girarem à sua volta e percebe seu corpo virar em relação ao espaço. A tontura, por sua vez, faz com que o indivíduo tenha a sensação de desequilíbrio, de instabilidade, de pisar no vazio, e a impressão de que vai cair. Por essas diferenças, o otorrinolaringologista explica que a vertigem tem uma característica subjetiva e a tontura traz em si uma condição objetiva.
· Já o fato de sentir-se mal e ter a sensação de desmaio podem ser sintomas de queda dos níveis de açúcar no sangue (hipoglicemia), de pressão baixa (hipotensão) ou de uma perda temporária de consciência, e nada têm a ver com o labirinto. Esse quadro geralmente ocorre quando a pessoa passa muito tempo sem se alimentar ou fica muito tempo parada numa mesma posição (sentada ou deitada).
· O especialista também chama a atenção para o quadro completo de sintomas que aparecem na Síndrome de Ménière, doença que traz crise vertiginosa, surdez, zumbido e alterações neurovegetativas, como náuseas, vômitos, mal-estar e diarreia, que chegam, inclusive, a impedir o paciente de se movimentar.
· Existe ainda a vertigem postural paroxística benigna (VPPB), que é uma resposta a mudanças na posição da cabeça de forma isolada ou com o corpo conjuntamente, por estimularem de imediato o funcionamento do ouvido interno. Bastante comum, as VPPBs são crises agudas de início repentino e inesperado e o seu tratamento inclui uma série de movimentos da cabeça que deslocam partículas nos ouvidos.
· Existem outras doenças que afetam o equilíbrio e a coordenação de movimentos, como as neuronites ou neurites vestibulares causadas por processos inflamatórios no nervo e nos gânglios vestibulares e os neurinomas ou schwanomas, que são patologias tumorais do nervo auditivo.
· Há também a cinetose, sem ligações com as doenças vestibulares do labirinto, que é uma doença que acomete pessoas que, em determinadas condições de movimento e até de leitura em automóveis, barcos e aviões, sentem tonturas, náuseas e vômitos.
· Importante lembrar que o uso de álcool e medicamentos podem provocar alterações no labirinto e provocar vertigem ou tontura.
Dicas para lidar com as crises de equilíbrio:
· Manter uma alimentação balanceada e refeições com intervalos de três horas, principalmente em indivíduos pré-diabéticos.
· Evitar bebidas gasosas que contenham cafeína ou quinino, pois estas substâncias podem desencadear zumbido no ouvido.
· Fazer exercício físico com preparo prévio adequado, ingerindo alimentos que mantenham a taxa de glicose no sangue em bom nível.
· Dar atenção à saúde psíquica e emocional, pois o stress é gatilho para as crises.
· Em caso de uma crise, é importante manter-se numa posição confortável e evitar movimentos, até que a crise cesse.
· Procurar apoio médico especializado para obter o diagnóstico correto e o melhor tratamento.
· Não dirigir nem operar equipamentos no momento da crise.