Ao perguntar quem é Dr Ed a resposta veio de imediato: “Sou Edinaldo José da Silva, mais conhecido como Dr ED forrozeiro. Costumo dizer que sou papa fina, mingau sem caroço e goiaba sem bicho. Uma pessoa boa, do bem e, ao mesmo tempo, não tão do bem assim, dependendo de como me tratem. Mas eu procuro tratar todos muito bem e é um prazer ser seu”.
O compositor, cantor e sanfoneiro, conta como iniciou a carreira e quando, mesmo como iniciante tocando o instrumento que tem nível de complexidade alto, subiu aos palcos para se apresentar.
“Minha carreira de sanfoneiro começou por necessidade, eu iniciei um grupo de forró, mas não tinha um sanfoneiro. Era muito caro e difícil achar, então eu tive que aprender. Em três meses após ter começado a aprender, eu já me apresentei nos palcos e nunca mais larguei”, conta.
Dr ED salienta que o instrumento é símbolo de afeto e alegria. “A sanfona chegou como presente da minha esposa, primeiro eu comprei uma sanfona que não deu muito certo e essa aqui, a profissional, ganhei de Carolina que está comigo até hoje. São João representa sabor, gosto alegria, visão, representa memória, contexto e conceito que às vezes é genético, já nasce com a gente, na batida do zabumba no ‘trilingar’ do triângulo e no som da sanfona. Um instrumento que representa carinho, afeto, alegria, porque você abraça e você força um pouco, ela é um instrumento de sopro através do fórum. E sai um ar. É um ato de carinho. Então, você expressa o seu sentimento. Você está sentindo e ela responde naturalmente a você. A sanfona representa afeto”, diz o cantor.
Perrengues juninos
Entre tantas histórias vividas nos palcos no São João, o compositor relembrou perrengue com sumiço dos músicos em pleno show que acabou se tornando memorável.
“Lembro de uma vez que eu tive que subir ao palco com falta dos Músicos. Eu marquei com todos os músicos, eram ainda época de covid e aí dois músicos, (acho que pegou covid e até hoje não disseram que tiveram não), sumiram e aí, o contrato é pra uma banda, como é que eu faço? E eu fiquei pensando e pedindo a Deus: ‘Deus me ilumine para que as pessoas não sintam falta‘ e assim foi! A gente que se apega com Deus e tem Deus na frente, sempre tem a resposta, foi um dos maiores shows da minha vida”, rememora.
Patrimônio Cultural
Dr Ed defende a manutenção do forró tradicional e ressalta a importância do ritmo que é patrimônio cultural. “O forró não é só uma proposta rítmica que possa ser alterada. Eu vejo que há algumas transformações, mas não deve ter tantas, porque o forró, se não tem triângulo e a zabumba, ele perde a sua referência, é patrimônio imaterial nacional e, portanto, deve ser preservado. Espero que daqui a um tempo permaneça da mesma forma, não por modismo ou tradicionalismo, mas por disposição rítmica, cultural, que mexe não só do ponto de vista é social, mas biológico, social, psicológico e até espiritual está dentro da gente”.
Título de doutor
Ed é realmente doutor, tem formação em psicologia e, através do trabalho de aconselhamento realizado junto ao projeto “Oficina da Alma”, recebeu o título de doutor honoris causa na área. Ele também ensinou na Ufes e na Eneb