sexta-feira, novembro 15, 2024
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Especialista fala dos cuidados com animais de estimação na virada do ano

Todo final de ano a preocupação reaparece: donos de cães e gatos temem os prejuízos à saúde de seus pets durante a queima de fogos nas comemorações de Réveillon. Embora seja uma tradição, o foguetório provoca intenso estímulo visual e sonoro nos animais. Isso representa um perigo ao bem-estar e pode gerar tanto danos imediatos quanto a longo prazo, como estresse, ataques de pânico, convulsões e doenças cardíacas. 

A médica veterinária Leane Souza e professora da Universidade Salvador, afirma que os tutores têm razão em ficar aflitos, pois os pets possuem uma sensibilidade sensorial bem aguçada. Ela explica que, apesar de anatomicamente parecido com o dos seres humanos, seu sistema auditivo consegue captar até sons ultrassônicos.

“O campo auditivo dos humanos está entre 20 e 20.000 Hz, enquanto dos cães e gatos de 15 a 40.000 Hz. É justamente esse fator que os tornam mais vulneráveis a determinados sons e barulhos”, esclarece. 

As explosões e estouros dos fogos podem causar ansiedade, medo e a chamada resposta de luta ou fuga, uma reação desencadeada pela liberação de hormônios que preparam o organismo para lidar ou tentar escapar de uma ameaça. Por causa disso, a especialista adverte sobre os perigos de acidentes físicos e traumas.

“Já recebemos um paciente que pulou pela janela da área de serviço e fraturou a coluna, ficando paraplégico”, conta a docente.  

Para driblar problemas como esse, a recomendação é o olhar atento diante dos possíveis sinais de desconforto, fobia ou desespero. Entre eles, estão: agitação, salivação, tremores, choros e latidos excessivos, aumento da frequência cardíaca e dilatação da pupila. Além desses indícios, no decorrer de eventos barulhentos, os animais podem se esconder, cavar e arranhar paredes, chão ou móveis; e destruir portas e janelas na tentativa de fuga. Isso também é sinônimo de risco, já que eles tendem a se machucar, se perder ou virar alvos de atropelamentos. 

O que os tutores podem fazer? 

Leane Souza sugere algumas medidas para amenizar o sofrimento dos pets nesses casos. A primeira delas é evitar colocá-los no colo, abraçá-los ou oferecer petiscos nos momentos de muito barulho. Mesmo com a intenção de acolhimento e proteção, essas ações acabam levando à associação a situações de estresse e ansiedade, podendo desencadear um comportamento destrutivo, retraído ou agressivo.

Outra dica é nunca deixar o animal sozinho na hora da queima de fogos e abafar o som fechando o máximo de portas, cortinas e janelas. Além disso, é importante prezar pela preparação de um espaço acolhedor, seguro e confortável. 

“Coloque som no ambiente, se possível com frequências de relaxamento. Também vale espalhar brinquedos (bolinhas, túneis, caixas de papelão) e utilizar aromaterapia, como essência de lavanda. Mais uma estratégia é deixar sempre disponível uma caixinha de transporte para que se sintam abrigados. E, acima de tudo, jamais permita o acesso a varandas, janelas e piscinas”, aconselha a veterinária. 

Em casos extremos, ainda é indicado o uso de tranquilizantes e sedativos. No entanto, apenas médicos veterinários com registro junto ao Ministério da Agricultura têm permissão para receitar esses tipos de medicamentos. Sem a devida indicação do especialista, podem causar sérios efeitos colaterais.

“O uso inadequado pode provocar hipotensão, a famosa queda na pressão arterial, e até mesmo o óbito. Dependendo da espécie, existem medicamentos que não devem ser prescritos por serem nefrotóxicos, ou seja, perigosos à saúde dos rins, e hepatotóxicos, por fazerem mal ao fígado”, alerta a professora, integrante do maior e mais inovador ecossistema de qualidade do Brasil: o Ecossistema Ânima. 

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