quinta-feira, novembro 14, 2024
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Malformações uterinas afetam de 3 a 5% das mulheres e podem resultar em abortos e partos prematuros

Um problema comum, que costuma ser silencioso. Assim são as malformações uterinas, que na maior parte das vezes são descobertas quando uma mulher tenta engravidar e não consegue; ou consegue, mas sofre abortamentos de repetição. “As malformações uterinas podem afetar de 3% a 5% das mulheres. Por isso, é importante que durante a gestação, a paciente tenha um acompanhamento médico ainda mais rigoroso. Muitas delas, terminam só descobrindo que sofriam com o problema, nos exames do início da gravidez. E é bom salientar que nem todas as malformações uterinas atrapalham na gestação”, explica a Dra. Tirza Ramos.

As malformações uterinas, ou anomalias Müllerianas congênitas, são anormalidades que podem ser causadas pela fusão embriológica defeituosa ou por falhas na recanalização dos ductos de Müller, na formação de cavidade uterina normal. Ou ainda, por problemas vivenciados pela mãe durante a gravidez – como doenças infecciosas, uso de determinados medicamentos e intoxicações, que faz com que a filha mulher desenvolva o problema.

O formato normal do útero é semelhante ao de uma pêra invertida. Mas, em algumas mulheres, ele pode apresentar algum tipo de malformação. Por exemplo, o útero pode ter apenas metade do tamanho normal, ou uma fenda que separa o órgão em duas partes. E como ele faz parte do sistema reprodutor feminino e tem como principal função, a sustentação do feto durante a gravidez, ele precisar estar em bom funcionamento para que a gestação vá adiante, pois o óvulo fecundado na tuba uterina segue em direção ao útero para se alojar e se desenvolver.

Algumas malformações podem ser verificadas no exame de toque. Mas, o diagnóstico do problema também é feito por meio de exames de imagem, como a ultrassonografia transvaginal ou pélvica, a histerossalpingografia, a ultrassonografia tridimensional e a ressonância magnética.

Nem todo tipo de malformação uterina causa infertilidade, mas pode levar a complicações obstétricas em muitos casos. O tratamento para as malformações é cirúrgico, sendo indicado para pacientes com histórico de abortamento e infertilidade. Caso a paciente não apresente sintomas ou problemas de fertilidade, não há necessidade de tratamento. A cirurgia visa corrigir a forma do útero por meio da histeroscopia. Quando a cirurgia não conseguir resolver o problema a fertilização in vitro (FIV) é a alternativa mais indicada para a paciente que deseja ter filhos.

Os principais tipos de malformações uterinas

Há diversos tipos de malformações uterinas. Algumas são mais raras e outras mais comuns. A malformação mais comum é o útero septado. Ela é a que produzir maior incidência de complicações obstétricas. O útero septado é a malformação que divide o útero em dois, devido à presença desse tecido fibromuscular. Normalmente, as mulheres com útero septado sofrem abortos de repetição entre a 8ª e a 16ª semana de gestação. A infertilidade também é frequente nestes casos, já que há dificuldades na implantação do embrião. Para tratar, os médicos indicam um procedimento cirúrgico chamado de metroplastia, realizado por videohisteroscopia.

O útero didelfo, uma forma rara de anomalia, pode também ser chamado de útero duplo. Isso acontece quando o orgão é formado por dois úteros. Mulheres com útero didelfo podem engravidar, porém têm mais chances de terem aborto espontâneo e parto prematuro. Durante a gestação, há um risco maior, pois o bebê tem menos espaço para se desenvolver.

Já no caso de útero unicorno, ele possui metade do tamanho de um útero normal. Também é uma forma rara de malformação. Em geral, a mulher portadora dessa condição possui dois ovários, mas apenas uma tuba uterina. Infertilidade, abortos de repetição e partos prematuros são algumas das dificuldades encontradas por mulheres com este tipo de anomalia.

O útero bicorno é mais um tipo comum de anomalia uterina. É caracterizado pela presença de uma fenda na região do corpo do útero, dividido em dois, sendo parecido com o formato de um coração. Ao longo da gestação, o útero tem mais dificuldade para aumentar de tamanho, colocando em risco o desenvolvimento do bebê.

No útero arqueado, há uma mínima alteração da cavidade uterina, o que confere ao fundo uterino uma curvatura levemente côncava ou achatada. As manifestações clínicas são mínimas. Por ter grande probabilidade de gestações sem intercorrências, geralmente, não é necessária uma intervenção cirúrgica.

Outra possível malformação é a agnésia, caracterizada pela ausência do útero e 2/3 superiores da vagina. Os ovários estão presentes e funcionam normalmente, porém o exame ginecológico evidencia o encurtamento ou mesmo a ausência do canal vaginal. Nestes casos, as mulheres que buscam constituir família podem optar pela doação temporária de útero – conhecido popularmente como barriga solidária – que pode ajudar essa mulher a realizar o sonho de ser mãe, aliada às técnicas de reprodução assistida.

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