terça-feira, novembro 12, 2024
spot_imgspot_imgspot_imgspot_img
spot_imgspot_imgspot_imgspot_img

Últimas Postagens

Em comemoração aos 190 anos de Feira de Santana, volta em cartaz o espetáculo “Lucas da Feira: o sujeito antes do mito”.

O Grupo Recorte de Teatro traz de volta aos palcos a peça teatral aclamada pelo público em uma nova temporada nos dias 15 e 16 de setembro, às 20h, no Teatro do Cuca. Os ingressos podem ser adquiridos pelo Sympla, ou na bilheteria do teatro nos dias da apresentação.

Neste mês de setembro, Feira de Santana completa 190 anos de emancipação política, assim como fazem 174 anos da morte de Lucas Evangelista, mais conhecido como Lucas da Feira, o qual foi condenado ao enforcamento no local onde hoje seria a Praça do Fórum. O espetáculo, desde a sua estreia em 2019, é uma obra de sucesso, tanto de público como de crítica, por contar a história de Lucas Evangelista, um negro escravizado que fugiu, indo contra o sistema no qual vivia, passando mais de 20 anos entre as matas e estradas que ligavam Feira a outras cidades do interior da Bahia, se tornando um símbolo de resistência.

Infelizmente, pouco se sabe sobre a sua trajetória antes de se tornar uma lenda viva, e foi pensando nisso que o autor e diretor do espetáculo, Fernando Souza, que também é historiador, decidiu escrever sobre o Lucas da Feira. “Conheci a história de Lucas na faculdade e sempre me causou muito interesse. Li muito, teses de doutorado, dissertações de mestrado e conversei com pessoas. Fiz uma pesquisa bem apurada e tentei trazer isso para o texto teatral”, disse.

O espetáculo tem um processo de construção e pesquisa do século XIX bem fundamentado e bastante dinâmico com 14 atores em cena, que se dividem em mais de 32 personagens, para falar sobre a figura histórica e as mazelas deixadas pelo sistema escravista. E além de contar com uma trilha sonora original, de Deco Simões, a obra traz discussões como racismo estrutural, patriarcado, machismo, e abusos aos quais os pretos eram submetidos, principalmente, sexuais em relação às mulheres escravizadas. O espetáculo mescla bem o texto e atuações que trazem comédia, drama, reflexão e denúncia social, típicos do autor e também do Grupo Recorte de Teatro.

A história de Lucas da Feira divide opiniões. Há quem acredite que o sujeito foi um herói, símbolo de sobrevivência, resistência e luta, enquanto outros acreditam que ele foi um bandido. Enquanto a isso, o Grupo Recorte se destaca por trazer em seus trabalhos, o realismo, pesquisa, humor e crítica social, logo, o intuito é sempre propor a reflexão e não levantar bandeiras.

Ao ser indagado sobre o porquê é importante falar de Lucas da Feira em 2023, o ator Tom Nascimento, que interpreta Lucas Evangelista em sua terceira fase, disse que “falar de Lucas da Feira é necessário não só em 2023 e sim a todo tempo, porque falar dele é falar da história de Feira de Santana, é fazer perpetuar a nossa história, a história dos nossos ancestrais, é lembrar que antes da gente, vieram outros que lutaram, mesmo que à sua maneira, e aqui eu não estou valorando se Lucas foi herói ou bandido, e sim que foi uma pessoa que se rebelou contra o sistema escravocrata da época e não aceitou sua condição de escravizado. Então essa memória não pode ser perdida. ”

Histórico do Grupo Recorte de Teatro

O Grupo Recorte de Teatro surgiu em 2014 com o espetáculo “Encarceradas”, o qual foi indicado ao prêmio Braskem 2019, falando sobre a realidade do cenário carcerário feminino e, no ano de 2019 estreou também o seu mais recente trabalho, “Nem Amélias, Nem Quitérias”, trazendo a discussão sobre as diversas violências sofridas pelas mulheres nessa sociedade, com a personificação do machismo e feminismo.  Além disso, o grupo também tem em seu currículo participações em festivais e projetos culturais como: FENATIFS, 4×4, Feira Tem Teatro, Se Mostra Interior e o Festival do Interior da Bahia.

Latest Posts

spot_imgspot_imgspot_imgspot_img
spot_imgspot_imgspot_imgspot_img
spot_imgspot_imgspot_imgspot_img

Carnaval