A procura por cirurgias plásticas reparadoras aumentou nos últimos anos. Os procedimentos dessa natureza se destacam por restaurar não apenas a funcionalidade e a estética de determinadas partes do corpo, mas também a autoconfiança e a qualidade de vida de pessoas que passaram por traumas, tratamento oncológico ou condições congênitas. A modalidade cirúrgica inclui as reconstruções para tratamento de neoplasias de pele, mamárias e no segmento de cabeça e pescoço; a correção de deformidades craniofaciais; a reparação de cicatrizes; a reconstrução pós-trauma; as cirurgias reparadoras após grande perda de peso; o fechamento de feridas; o tratamento de sequelas de queimaduras; as cirurgias de reconstrução de nariz, pálpebras e orelhas; a reconstrução de membros afetados por lesões traumáticas, tumores ou má-formação congênita, incluindo enxertos de pele, transferência de tecidos e reconstrução óssea, entre outros.
Esses procedimentos reparadores destacam-se entre os mais frequentes, mas algumas cirurgias são raras, como é o caso da que foi realizada recentemente em Salvador por uma equipe multidisciplinar composta de três cirurgiões plásticos, três cirurgiões de mão e um ortopedista oncológico. O procedimento complexo durou nove horas e teve como objetivo a reconstrução de um dos punhos de J.D (60). “Devido à retirada de um tumor no osso do punho da paciente, precisamos fazer o transplante de um osso da perna para reconstruir o osso do antebraço. Esse osso da perna vem acompanhado de vasos sanguíneos, que precisam ser conectados aos vasos do antebraço, garantindo dessa forma a vascularização e cicatrização, elementos chave para o sucesso da cirurgia e reabilitação do punho ”, resumiu o cirurgião plástico Thomaz Menezes.
Segundo a paciente, quando chegou à emergência ortopédica com uma dor e ligeiro inchaço no punho direito, ela não tinha ideia de que, através de alguns exames realizados nos dias seguintes, ela receberia o diagnóstico de um tumor de células gigantes no rádio distal (osso localizado na parte inferior do antebraço). “Embora fosse benigno, o tumor era bastante agressivo e precisava ser ressecado. Me preocupei com as funções da mão, mas me mantive confiante devido à competência da equipe médica envolvida e os esclarecimentos que recebi sobre a abordagem cirúrgica”, declarou J.D. Felizmente, a função motora da paciente foi preservada.
De acordo com a Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica, entre 2008 e 2020, o aumento da procura por cirurgias plásticas – estéticas e reparadoras – em todo o mundo foi da ordem de 184,6%. Em 2019, o Brasil foi o país que mais realizou cirurgias plásticas no mundo. No ano seguinte, o país caiu para a segunda posição, atrás apenas dos Estados Unidos.Originalmente, as cirurgias plásticas surgiram com a função reparadora. Como vão além da estética e visam a restauração da funcionalidade da região operada, além dos benefícios físicos, esse tipo de procedimento contribui para a melhoria significativa na autoestima e bem-estar psicológico dos pacientes.
Para a obtenção de resultados eficazes e seguros, a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBPC) recomenda que as cirurgias reparadoras sejam realizadas por cirurgiões plásticos experientes, que tenham passado por treinamento especializado e sejam adequadamente capacitados. De acordo com o cirurgião plástico Thomaz Menezes, especializado em microcirurgia e reconstruções complexas pela Universidade de São Paulo (USP), a reconstrução cirúrgica não apenas melhora a qualidade de vida dos pacientes, mas também amplia suas oportunidades sociais e profissionais. “Muitos indivíduos que passam por cirurgias reparadoras relatam a influência positiva que a restauração da função, da aparência e da autoconfiança tem em diversos aspectos da vida cotidiana”, frisou.
Ainda segundo o cirurgião, as cirurgias plásticas reparadoras também apresentam desafios, especialmente relacionados à complexidade de alguns casos e à necessidade de obter resultados duradouros. “A ética desempenha um papel fundamental, pois é essencial que o desejo do paciente seja considerado de forma equilibrada, evitando expectativas irreais ou intervenções excessivas”, destacou Thomaz Menezes. Os cuidados pós-operatórios são essenciais para garantir a recuperação bem-sucedida e o alcance dos melhores resultados possíveis.