“Vou encarar esse programa como uma homenagem, porque eu estou diante da pessoa que mais me influenciou no rádio”, declara Téo José sobre o convidado desta segunda-feira, 31 de julho, no “Pod Pai Pod Filho”. Direto do Rio de Janeiro, os apresentadores Téo José e Alê entrevistam Fernando Mansur, o radialista, professor, dono de uma voz empostada e uma grande figura para a história do rádio no Brasil.
Quando criança, Fernando Mansur era apaixonado por escutar rádio, do almoço até o jantar, era ouvinte assíduo da Rádio Sociedade de Ponte Nova, em Minas Gerais, município em que passou sua infância. Ele foi descoberto aos 16 anos na igreja, depois integrou na rádio local. Ali, era o início da carreira de um grande comunicador brasileiro.
“Eu passei a frequentar as missas dominicais, missas para crianças e naquela época, estamos falando de 1960 e alguma coisa, as missas passaram de latim a português e tinha os comentaristas, que liam as epístolas e eu comecei a fazer também. O gerente da rádio, o Arlindo Abreu me ouvia a falar nessas missas e me convidou a fazer um teste na rádio que era do lado, eu fiz, passei. Eu tinha 16 anos. Minha mãe conversou com meu pai em um jantar e disse: ‘Aldair, seu filho quer fazer rádio, você concorda?’. E ele disse: ‘meus filhos vão ser o que eles quiserem ser”, declara o convidado.
Em 1973, Mansur é aprovado em um concurso e começa na Rádio Nacional (AM), no Rio de Janeiro. Em 1974, ele migrou para JB AM (Rádio Jornal do Brasil), uma rádio musical e notícias, emissora na qual desenvolveu seus conhecimentos musicais.
Em 1977, surge no Rio de Janeiro uma rádio inovadora, a primeira rádio FM em som estéreo do Rio, a Rádio Cidade, responsável por mudar o mercado publicitário e a audiência. Até então, as rádios FMs cariocas eram exclusivamente feitas para ambientação de elevadores para um público de “elite”, já que existiam poucos aparelhos com essa frequência. A Rádio Cidade trouxe a fórmula de popularizar o rádio com uma programação descontraída.
“Naquela época estava chegando a tecnologia FM no Brasil. Com o sucesso da Rádio Cidade houve um boom da FM no país, logo as indústrias começaram a produzir mais aparelhos. Com a ‘98 FM’, a Globo colocou a programação mais popular, uma herança da Mundial (AM), que era do sistema Globo. Aí a Rádio Cidade foi mudando, veio a Rádio Transamérica e começou a mudar um pouco a linguagem do FM. A rádio mudou, mas eu não”, explica Mansur.
Na Rádio Cidade, Mansur teve a oportunidade de entrevistar grandes nomes da música como Maria Bethânia, Roberto Carlos, Carpenters e a lenda Bob Marley.
“O Bob Marley chegou lá na Rádio para eu entrevistar, me lembro bem. Uma pessoa pacífica, transmite uma paz enorme, uma gentileza enorme. Mas a gente não gravou, pode até ter gravado, porém, aquele arquivo magnífico se perdeu. Mas alguém fotografou […]. O Bob Marley foi marcante, eu não me lembro o que falei com ele, mas foi muito marcante. Depois ele foi jogar futebol no campo do Chico Buarque, o ‘Politheama’, ele gostava de futebol e o Chico também. Também entrevistei o saxofonista John Helliwell, do Supertramp, um cara muito simpático que foi lá, muito espirituoso. Outra situação muito marcante para mim foi com os Carpenters quando vieram ao Brasil”, relembra o comunicador.
Em 1992, Fernando se tornou professor na Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro, onde ficou mais de 20 anos, fato que elevou o seu lado profissional:
“Enriqueceu minha profissão de rádio e levei minha experiência para os alunos. Eu fazia da sala de aula um estúdio de rádio, levava cantores, jornalistas e fazia um estúdio mesmo. Eu fiz minha tese de doutorado e me aposentei em 2015 da Universidade. Eu escrevi sobre rádio, o título da tese era assim: ‘Rádio: Um veículo subutilizado?’. E entrevistei muita gente da área de rádio, Zé Carlos Araújo (Garotinho) como locutor esportivo; na área de música, eu entrevistei Roberto Menescal, criadores da Bossa Nova, que foi diretor de gravadora, então, ele tinha muitas histórias. […] Eu entrevistei o professor de filosofia Marcio Tavares d’Amaral que me disse: ‘A mensagem da rádio é: vem para perto’. Você fala para um ouvinte, não fala para mil, cada ouvinte é um, cada ouvinte é único”.
Atualmente, o radialista mora em Florianópolis, Santa Catarina. Ele ainda faz algumas locução para a Rádio JB. “Eu me aposentei em 2015 da Universidade. Me casei, fui para Florianópolis e lá comecei a gravar para JB, em casa mesmo. Eu gravo as chamadas e vinhetas para JB. Acho que nessa idade eu estou mais introspectivo, comecei a refletir sobre a vida. Eu estudo teosofia, que aborda sobre as religiões. Uma coisa que me preenche muito”.
Ainda no programa, Téo José fala como conheceu Fernando Mansur, radialista que chama de ídolo e grande inspiração. O entrevistado também dá dicas para quem está começando na área da comunicação e ainda faz revelações sobre os bastidores da rádio na época. Está imperdível!