Por: Bianca Reis
A maternidade é um grande desafio na vida das mulheres, o sonho de ser mãe, ainda muito romantizado, não faz parte do imaginário pessoal de todas, porém ainda é partilhado socialmente como inerente ao gênero. Geralmente essas expectativas são repletas de culpa e autocobrança que podem caminhar lado a lado com a satisfação e realização.
Ser e tornar-se mãe muda a vida de todos ao seu redor, especialmente da mulher, que passa por diversos desafios e adaptações.
A maternidade tem o poder de levar as mulheres a conhecer algo sobre elas mesmas, e normalmente é um resgate de tudo que ficou para trás, especialmente na infância. De um modo ou de outro, a maternidade convida as mulheres a olharem para sua criança interior.
De acordo com a psicóloga Bianca Reis, “A criança interior é aquela que vive dentro de todos nós. Ela não é apenas uma criança literal, aquela que fomos na infância, mas também nosso potencial coletivo”.
É preciso compreender que muito pode ser explicado pela nossa história de vida, uma das coisas é a forma como uma mulher vai desenvolver a maternidade, obtendo relação com sua infância, com as dores, satisfações, feridas e boas recordações vivenciadas por ela nesse período.
A psicóloga Bianca Reis também alerta que, “com uma criança interior ferida não trabalhada, acabamos por criar subpersonalidades e por vezes, se não cuidarmos das nossas próprias feridas, as sangramos nos outros”.
Para além da sobrecarga, com o cansaço do dia-a-dia, que normalmente tira a paciência da mulher e faz ela agir mal pontualmente diante de uma criança, estudos apontam que se essa situação se estender por muito tempo, a explicação está no passado, que geralmente tem a ver com a forma com que essa mulher foi tratada na infância.
“A maternidade dá à mulher a chance de olhar para sua própria criança interior, e compreender ciclos e feridas que nunca foram explicadas. As reações no presente com os filhos, fazem as mães ressignificarem a importância de cuidar da sua criança interior, que por tanto tempo podem ter ficado esquecidas”, conclui Bianca Reis.