quarta-feira, janeiro 1, 2025
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Juliana Ribeiro lança clipe no final de março

O chamado ancestral feminino e a força das insubmissas que têm na arte sua ferramenta de libertação viraram inquietação e inspiração para o nascimento da canção “ELLA” em 2021, que abre o álbum “Preta Brasileira”, de Juliana Ribeiro. Mas como bem lembra a cantora e compositora baiana, a ventania que vem para transformar é impossível de ser contida, e agora a canção vira videoclipe. O lançamento será no próximo dia 30 de março em evento multiartístico, na Sala de Arte Cinema do Museu, às 19h, quando, além de exibição do clipe, acontece uma Roda Dançada de Conversa e o pocket show “Elas por ELLA”, criado especialmente para ocasião só com canções de compositoras do Samba e da MPB, incluindo aí as autorais de Juliana Ribeiro.

Toda a estética do vídeo coloca luz sobre a vocação que muitas mulheres têm de subverter a ordem e mudar as coisas de lugar, ao tempo que não abrem mão de si mesmas e de sua arte. Daí a referência ao arquétipo de Oyá, da ventania de Iansã, que revela a missão de cada uma tornando-as protagonistas das suas vidas, dos seus corpos e de tudo que está no seu entorno.

“Um dia olhando o vento balançando a copa das árvores, pensei ‘onde está essa força no nosso corpo’?” Daí lembrei de várias mulheres que são referências para mim, que nasceram com o destino traçado para serem submissas, e que foram tomadas por esse vento de Oyá e subverteram este lugar através da dança. Foi aí que a poesia começou a se concretizar, eu fiquei, imaginando por exemplo, a vida de Dona Dalva, que nasceu para ser dona de casa em Cachoeira e, de repente começou a puxar o samba, trazer os colegas da fábrica e o Suerdick passou a agregar uma comunidade inteira”.

Além de Dona Dalva, o clipe, que tem direção artística da cineasta baiana Lindiwe Aguiar e concepção em parceria com a Ogunjá Produções, também homenageia Dona Cadú – com 104 anos, Rita da Barquinha de Bom Jesus dos Pobres, Ebomy Nice, dirigente da irmandade da Boa Morte, D. Nicinha de Santo Amaro (in memorian), Yá Marlene de Nanã, As Ganhadeiras de Itapuã, e a linhagem das avós da artista, Nair de Almeida e Lourdes Ribeiro, saudando a sabedoria milenar das Nanãs. “A ideia sempre foi homenageá-las em vida. Infelizmente, entre idealizar e gravar, D. Nicinha nos deixou”, lamenta Juliana.

Já em cena, representando a continuidade dessas mestras populares, quem passa a mensagem poética de afirmação através do lugar de fala de seus corpos são dez dançarinas contemporâneas: Negra Jhô, Ginga Aidil, Lindete Souza, Nildinha Fonseca, Vânia Oliveira, Sueli Conceição, Ninfa Cunha, Vika Menezes, Verônica Mucuna, Dandara Akotirene e participação especial de Sonora Ribeiro Batista, filha da artista.  São dançarinas de blocos afros, dançarinas empíricas, acadêmicas, de circo, cadeirante, mulher trans e de outras linguagens corporais, demarcando a diversidade dos corpos na dança.

“Vânia, que sempre foi minha coreógrafa, falou ‘essa música sou eu’, e eu falei, sim, é você, somos nós, a música espelha várias de nós”, conta a artista. Ela reforça que a dimensão poética da dança no clipe tem a intenção de tirar esta arte do lugar secundário de entretenimento, entendendo as dançarinas como protagonistas de suas próprias histórias e capazes de transformar tantas outras”.

O lançamento do clipe de “Ella” teve sua data escolhida, no mês de Março, para fortalecer o coro das homenagens à mulher, sua força e o seu caminhar no mundo, que acaba sendo um caminhar coletivo, onde o florescer de uma produz frutos para todas. “Minha expectativa é que o clipe toque as pessoas pelo coração”, conclui Juliana.

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