domingo, novembro 24, 2024
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Setembro Amarelo: psicóloga destaca a importância de falar de prevenção ao suicídio

Falar sobre suicídio, embora ainda seja um tabu, é uma das formas de evitar que esse ato de extremo desespero aconteça. Uma das ações preventivas ligadas ao problema, que ganha projeção e engajamento cada vez maior anualmente é o Setembro Amarelo: mês de conscientização e prevenção ao suicídio.

A campanha Setembro Amarelo, que está ganhando cada vez mais força nas redes sociais, tem o intuito de alertar a população sobre os casos recorrentes de suicídio no Brasil e no mundo. Os números são alarmantes. Segundo os dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), no Brasil, cerca de 12 mil pessoas tiram a própria vida por ano

A cada 46 minutos um brasileiro tira a própria vida. No mundo, são registrados cerca de 800 mil suicídios anuais. Trata-se de uma realidade alarmante, com números crescentes, principalmente entre os jovens. O suicídio é a quarta maior causa de morte entre pessoas de 15 a 29 anos, tendo a depressão como um dos principais fatores desencadeantes, segundo especialistas. No entanto, a OMS afirma que o suicídio tem prevenção em 90% dos casos.

Segundo a psicóloga Bianca Reis, “Durante muito tempo se acreditou que falar de suicídio levaria as pessoas a pensar em tirar a própria vida, o que é na verdade um grande mito. Quando temos um problema de saúde, precisamos falar sobre ele”.

E embora já tenha sido comprovado o contrário, existe um mito que crianças não têm problemas e isso precisa ser desmistificado. Não existe uma idade específica em que o problema possa se manifestar, acomete desde crianças e adolescentes até idosos.

“Crianças não pagam boletos, mas elas podem estar pagando altos preços por aqui estarem existindo. Por isso, ideações suicidas não se manifestam apenas na adolescência, na idade adulta e na velhice, mas também na infância”, acrescenta Bianca Reis.

A especialista destaca ainda que esse é um problema grave que afeta pessoas em diferentes momentos da vida e, por esse motivo, é um assunto que merece sempre nossa atenção e não apenas no mês de setembro.

“Alguns fatores que podem contribuir e até potencializar essas ideações são lares muito conflituosos, constantes agressões físicas, abusos psicológicos, homofobia, altas cobranças relacionadas aos estudos e a nota, separação dos pais, bullying, dentre outras muitas questões. As crianças são extremamente sensíveis e elas compreendem o mundo de uma maneira bastante particular, mas também extremamente influenciada pela forma na qual as tratamos e apresentamos ela a ela mesma e ao mundo. Então, é isso. Protejam as crianças de vocês”, pontua a psicóloga.

A cor está relacionada à história de um rapaz que estava em um carro amarelo quando tirou a própria vida. Para dar visibilidade ao tema, amigos e familiares distribuíram fitas amarelas em seu sepultamento.

O entorno das pessoas que passam por um sofrimento psíquico muito grande e pensam em se suicidar pode ser um aliado no enfrentamento da questão. Um passo fundamental é procurar manter canais abertos de diálogo e comunicação com essas pessoas para que elas consigam se expressar e ser ouvidas, sem julgamentos.

“Tratá-las como incapazes de lidar com os próprios problemas, fracas, covardes ou de outra forma pejorativa ou preconceituosa não colabora. É necessária uma comunicação empática, compreensiva e solidária com o sofrimento do outro”, alerta Bianca. As redes familiares, de amigos e conhecidos, assim, são muito importantes.

O auxílio também pode vir de desconhecidos, através por exemplo de ligações que podem ser feitas para o telefone 188, do CVV – Centro de Valorização da Vida, que presta apoio emocional e prevenção do suicídio, atendendo voluntaria e gratuitamente todas as pessoas que querem e precisam conversar. Nas ligações, a pessoa não precisa se identificar e o atendimento pode ser feito também por email e chat disponível no site https://www.cvv.org.br/.

Outra maneira de ajudar é a orientação quanto à procura de auxílio profissional adequado. “Afeto e carinho são essenciais, mas não dispensam o acompanhamento psicológico/psicoterapêutico bem como médico/psiquiátrico/neurológico ”, conclui Bianca Reis.

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