O mês de novembro traz à tona a necessidade de conscientizar os homens sobre os cuidados com a próstata e as consequências que podem acontecer naqueles que não costumam observar a própria saúde. Os problemas na próstata podem ocasionar diversas consequências, até a infertilidade. E se não observados e tratados corretamente, podem acarretar, inclusive, um câncer.
A próstata é uma glândula do sistema genital masculino, localizada na frente do reto e embaixo da bexiga urinária. O tamanho da próstata varia com a idade. Em homens mais jovens, tem aproximadamente o tamanho de uma noz, mas pode ser muito maior em homens mais velhos. A sua função é produzir o fluído que protege e nutre os espermatozoides no sêmen, tornando-o mais líquido. Logo atrás da próstata, estão as glândulas denominadas vesículas seminais, que produzem a maior parte do líquido para o sêmen. A uretra, que transporta a urina e o sêmen para fora do corpo através do pênis, atravessa o centro da próstata.
Durante o Novembro Azul, informações sobre o cuidado com a próstata são multiplicadas, para alcançar até aquele homem mais avesso às visitas ao médico, para um checkup anual. “A função da próstata é produzir o líquido seminal, que carrega os espermatozoides que são gerados nos testículos. Por isso, se o paciente tem uma infecção nessa glândula, o líquido vai sofrer alterações em sua composição química e vai comprometer a qualidade do sêmen”, explica o médico urologista Joab Carneiro, da equipe do IVI Salvador.
A prostatite – ou inflamação da próstata – é a segunda principal causa de infertilidade masculina. (A primeira é a varicocele, doença que atinge cerca de 15% da população masculina). Por isso, a necessidade de cuidar dessa glândula. A doença tem maior incidência em homens maduros, mas pode afetar qualquer um que tenha vida sexual ativa. Uma das maiores causas da prostatite são as Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs), o que reforça a importância do sexo seguro, com uso de preservativo.
O retorno da fertilidade após tratamento vai depender do estágio em que se encontra a doença. Ela pode ser aguda ou evoluir para crônica. Em alguns casos de prostatite crônica, o homem desenvolve um distúrbio chamado de azoospermia (falta de espermatozoides no sêmen). Isso acontece quando a infecção crônica entope as vias da próstata e impede o encontro do espermatozoide com o líquido seminal.
Caso esteja nesse estágio, o paciente só vai conseguir engravidar sua parceira através do apoio das técnicas de reprodução assistida. “Nesse caso, será feita uma punção nos testículos para extrair os espermatozoides e dar continuidade ao tratamento”, pontua o médico.
Se a prostatite for aguda, os sintomas são muito aparentes: febre alta, calafrios, mal-estar, dores musculares, dor e vontade frequente de urinar. Quando a doença evolui para a modalidade crônica, os sintomas somem e o homem só vai perceber o problema no próprio sêmen. Ele pode notar sangue no líquido, ou diminuição da quantidade ejaculada.
Câncer de próstata
O câncer de próstata é o segundo tumor mais frequente em homens no Brasil, ficando atrás apenas dos tumores de pele. Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), são esperados 704 mil casos novos de câncer para o triênio 2023-2025 no país, sendo 71 mil casos novos de câncer de próstata. Apesar de ser uma doença mais frequente após os 65 anos de idade, os casos a partir dos 50 anos de idade tem sido crescentes.
O câncer de próstata é uma doença silenciosa, praticamente sem sintomas. Com seu avanço, podem surgir dificuldade em urinar, perda do controle urinário, vontade frequente de urinar, principalmente à noite, sangramento ao urinar ou ao ejacular. Em casos mais avançados, podem surgir sinais como a obstrução do aparelho urinário, dores abdominais, perda de peso e apetite, anemia, cansaço e dores ósseas.
A detecção precoce de um câncer compreende duas diferentes estratégias: uma destinada ao diagnóstico em pessoas que apresentam sinais iniciais da doença (diagnóstico precoce) e outra voltada para pessoas sem nenhum sintoma e aparentemente saudáveis (rastreamento). “Homens com histórico familiar de câncer de próstata ou negros (em que a doença costuma ser mais agressiva), devem procurar um urologista após os 45 anos e manter uma rotina regular de consultas. Para os demais, a idade inicial é 50 anos. Nessa fase, é possível suspeitar da doença por meio de exames de sangue, com a dosagem de PSA, o toque retal e confirmar seu diagnóstico por biópsia, quando indicado”, conclui o especialista.
O câncer de próstata não tem relação direta com a fertilidade. Porém, os tratamentos para a doença – quimioterapia e radioterapia – comprometem de maneira efetiva a fertilidade do homem. Por isso, os médicos devem aconselhar seus pacientes a fazer o congelamento de sêmen, de modo a preservar a fertilidade daquele paciente e ajudar a realizar o desejo de ter um filho posteriormente. “É importante que essa decisão sobre o congelamento ocorra logo que se identifique a doença, independentemente da idade do paciente; e antes mesmo de iniciar o tratamento, pois sabemos que os medicamentos utilizados causam danos à fertilidade”, pontua o médico.
Nos casos em que seja indicada a retirada cirúrgica da glândula, o paciente também irá se tornar infértil, afinal, sem a próstata, a produção do líquido seminal é afetada. Nesses casos, a reprodução assistida também será uma importante aliada do homem.