Junho é o mês de comemoração dos festejos juninos, com maior força na região Nordeste do Brasil. Em 2022 essa celebração será ainda maior, por conta da volta das festas depois da pandemia que suspendeu os eventos por dois anos. E os licores caseiros passam a povoar as mesas de bares, restaurantes, residências e até algumas empresas e salões de beleza. A bebida é a preferida entre mais de 60% do público baianos que responderam a uma pesquisa de consumos sobre hábitos juninos, chegando a superar a cerveja em predileção, embora não seja o composto alcoólico mais consumido.
Em Feira de Santana diversos produtores realizam a fabricação da bebida de forma artesanal, a exemplo da senhora Delma Maria moradora do conjunto Feira IX, proprietária do licor da Miminha, que começou a fabricação da bebida de forma simples para a família e amigos, depois se tornou uma forma de negócio, “Na época eram todos adolescentes dependíamos de pai e mãe e quando tinha as festas, cada uma levava algo, então eu comecei a fazer o licor que na época dava-se o nome de batida, que era a mistura do maracujá com o leite condensado, em seguida veio o licor de passas, que era conhecido como moscatel, que era feito à base de açúcar caramelizado, ácido citro e baunilha e desta forma eu comecei a produção”, conta.
Mesmo com toda industrialização vivida no Brasil, tendo Feira de Santana como um dos maiores polos do Brasil, os licores de São João em sua grande maioria, são produzidos de forma artesanal contando o apoio de toda família, começando pela preparação dos ingredientes até a divulgação, que hoje tem nas redes sociais como forte vetor de propagação.
“Em novembro já começamos a colocar as frutas em conservas como o tamarindos e o Jenipapo, com acerola esse processo leva um tempo menor para perder a tonalidade”.
Hoje existem diversos tipos de licores, desde de tradicionais como jenipapo, passas, tamarindo e maracujá até os cremosos que misturam frutas com chocolate e a novidade neste São João, os licores gourmet. “Aqui o licor mais procurado no segmento tradicional é o de tamarindo, seguido pelo de jenipapo, já entre os cremosos o mais procurado é uma receita própria, que faz a mistura de duas frutas populares na Bahia, Maracujá com Acerola, logo depois tem muita saída do Maracujá, Amarula e amendoim. Mais temos um total de 17 sabores de licor em nosso cardápio e apresentando o sabor novo de Mentinha”, diz Delma.
Para 2022 Delma Maria produziu cerca de 900 litros de licor para venda, que acontecem em um espaço decorado em sua própria casa, através das redes sociais e através de estabelecimentos comerciais que comprar o produto para fazer a revenda em Feira de Santana, em outras cidades baianas.
Vendas na pandemia
Durante os anos de 2020 e 2021 por causa da pandemia da Covid-19, os eventos juninos ficaram de forma restrita, cada família ou pessoa fez a sua comemoração com aquele que tinham convivência, seguindo o protocolo de restrição da época, mesmo de forma simples as vendas de licores continuaram, mesmo com o medo da doença, a procura pelo produto aconteceu.
“No primeiro ano fiquei um pouco assustada, estávamos lidando como desconhecido e de uma doença que nos trouxe muitas dores, mais eu parei e pensei que esse é o momento que as pessoas vão estar mais em casa e porque não fabricar do mesmo jeito, estava sendo uma festa mais em família, em casa, eu posso te confessar, foi o dois anos que eu mais vendi, montamos toda estrutura seguindo os protocolos de segurança, pessoas de Feira e outras cidades pegaram o licor e tiveram um momento de alegria”, contou.
No ano da volta dos festejos juninos em praticamente todos os municípios da Bahia, o licor de diversos sabores da bebida, será responsável por brindes de celebração ao som do forró, nas casas, praças, fazendas e em todos os locais que celebram o São João.
“A expectativa não é só das vendas, mais em vê principalmente as pessoas sorrindo, todos arrumados para curtir o evento, viajar, curtir em família na porta das suas casas e sendo felizes de novo”, conta Delma.